quinta-feira, 28 de maio de 2020

SERVIDORES DA SAÚDE DENUNCIAM FALTA DE ESTRUTURA EM SALA DE REPOUSO DE HOSPITAL NO RN: 'DESCANSANDO EM MEIO A FUNGOS E MOFO'

Profissionais da saúde que atuam no Hospital João Machado, em Natal, registraram em fotos estrutura da sala de descanso.

Por Bruno Vital, G1 RN

Denúncia foi feita pelo sindicato que representa a categoria — Foto: Sindsaúde/Reprodução
Os servidores da saúde do Rio Grande do Norte que atuam no combate à pandemia do novo coronavírus, no Hospital João Machado, em Natal, denunciaram a "estrutura precária" na sala de repouso da unidade. Um destes profissionais registrou o local nesta quinta-feira (28).

Os servidores alegam ainda que toda a unidade sofre com problemas estruturais, inclusive nas alas destinadas ao atendimento médico. "A pandemia tem deixado os servidores exaustos e eles estão repousando em uma sala cheia de fungo e mofo. É um descaso total em todo o hospital", destacou o enfermeiro Breno Abbott.

Sobre as denúncias do sindicato, a reportagem do G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) e aguarda posicionamento da pasta, que prometeu se pronunciar por meio de nota.
Breno Abbott trabalhou por três anos no Hospital João Machado e atualmente está lotado no Ruy Pereira, outra unidade da rede estadual de saúde. Ele é coordenador-geral do Sindicato dos Servidores em Saúde do RN (Sindsaúde) e acompanha de perto os hospitais que atendem pacientes com a Covid-19 no estado.

"Infelizmente essa situação não se limita só a sala de repouso do João Machado. Na unidade não há estrutura adequada para os servidores trabalhar. As paredes não têm pintura e a unidade sofre constantemente com quedas de energia. Como querem colocar leitos de UTI em uma estrutura dessas? Não tem condições, é preciso oferecer condições mínimas de trabalho", ressalta Abbott.

Sala de repouso do João Machado repleta de infiltrações — Foto: Sindsaúde/Reprodução
"A sala de repouso da gente, onde guardamos nosso material, está péssimo. É um mofo muito grande, um odor totalmente desagradável e o ar-condicionado não está funcionando. Eu já questionei a direção e eles dizem que vão tomar as providências, mas até agora nada foi feito. A cada dia que passa diminui o número de servidores na escala porque eles adoecem mentalmente ou pela Covid-19. São péssimas as condições", disse uma das servidoras do João Machado que preferiu não se identificar.

No dia 15 deste mês, o Governo do Estado anunciou a contratação da empresa responsável pela implementação e gestão de 30 leitos de terapia intensiva (UTI), 20 deles serão instalados no Hospital João Machado. "Estamos trabalhando arduamente nas condições estruturais no João Machado e nos próximos dias poderemos ter também a ampliação de leitos de retaguarda", disse o titular da Sesap Cipriano Maia em entrevista coletiva.

O Sindsaúde informou também que os profissionais da saúde recém-admitidos não receberam treinamento adequado para atuar no enfrentamento à pandemia. "Os servidores antigos também têm dificuldades, imagina os novatos. Eles foram empurrados sem preparação prévia. Alguns têm crises de pânico. Por isso que lutamos pelo lockdown", conta Breno Abbott.

Foi o sindicato dos servidores em saúde que pediu na Justiça a decretação de um "lockdown" - medida mais rígida de isolamento - para conter a proliferação do coronavírus no Rio Grande do Norte. No entanto, 
o juiz Luiz Alberto Dantas Filho, da 5ª vara da Fazenda Pública de Natal, extinguiu a ação e o mérito sequer foi a julgamento.

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