domingo, 10 de setembro de 2017

"METADE DOS PADRES DO VATICANO SÃO GAYS": ELE FOI EXPULSO

IGREJA CATÓLICA

Krzysztof Charamsa foi expulso do Vaticano por ser homossexual e vem denunciando a homofobia no seio da Igreja

O teólogo Krzysztof Charamsa, expulso do Vaticano depois de declarar abertamente sua homossexualidade.

O teólogo e filósofo Krzysztof Charamsa, polonês de nascimento e hoje residente em Barcelona com seu namorado catalão, ficou famoso sem querer quando há dois anos tornou público que é homossexual e que tinha um companheiro. Naquele momento, vivia em Roma e trabalhava diariamente no Vaticano, onde era nada menos que secretário da Comissão Teológica Internacional, dentro da Congregação para a Doutrina da Fé. Ou seja, Charamsa era um alto funcionário do Estado da Santa Sé. Expulso imediatamente do trabalho, o Vaticano tentou abafar um escândalo que colocava sobre a mesa novamente a homossexualidade na hierarquia da Igreja católica.

“Metade dos padres do Vaticano são gays”, declarou na época. Mais tarde, publicou o livro A primeira pedra, no qual relata como foi o processo interno que o levou a tomar a decisão radical que mudou sua vida. Também denuncia a homofobia no seio da Igreja Católica. No sábado, dia 9 de setembro, pronunciou a quarta conferência do congresso da Associação de Teólogos e Teólogas João XXIII, que nesta edição aborda o tema Mulheres e religião: da discriminação à igualdade de gênero.


Antes de ser designado o terceiro homem da imponente Comissão Teológica Internacional, que durante algumas décadas foi encabeçada pelo cardeal Josep Ratzinger, hoje o emérito Bento XVI, Krzysztof Charamsa se apresentou na manhã de 9 de setembro em sua conferência intitulada Identidades sexuais e cristianismo. 

Eis aqui um trecho: “Na cultura ocidental se produziu uma mudança histórica: enquanto no passado o campo da sexualidade era dominado prioritariamente pela religião, que foi fonte primária da formação da mentalidade ocidental sobre a sexualidade, nos tempos modernos são as ciências humanas que reclamam a competência racional em relação à sexualidade, independentemente dos respeitáveis interesses religiosos”.

“O sexo, que até agora foi mantido como tabu em nível de linguagem e da consciência racional das massas, se transforma em um discurso racional, verificável e controlável por meio das ferramentas lógicas e científicas. Essa mudança para o cristianismo e, em particular, para a Igreja católica, representa um momento de enorme crise. 

que até agora podia ser apenas o tema secreto da confissão, mantendo e desenvolvendo o sentido da vergonha, da culpabilidade e com frequência do complexo, se transforma em um tema racional de sofisticados discursos universitários, como os dos manuais básicos de sexologia e de outras ciências humanas”, acrescentou.

EL PAÍS

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